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quarta-feira, 26 de novembro de 2008




As equipes de resgate trabalham sem parar há quatro dias, procurando vítimas das chuvas. Há pelo menos 30 pessoas desaparecidas. Os bombeiros fazem buscas em montanhas de escombros e também nos rios. “Nós estamos trabalhando numa área sujeita a novos deslizamentos”, diz o coronel José Mauro da Costa, do Corpo de Bombeiros.

A maior dificuldade é chegar até as comunidades que estão isoladas. Em algumas regiões, até mesmo os animais tentam escapar da água e se refugiam nos lugares mais altos. “Nem tratores-esteiras estão conseguindo subir, porque eles atolam. O acesso por terra é impossível, só pode ser feito com aeronaves”, afirma o major Márcio Alves, coordenador da Defesa Civil de SC.

A Defesa Civil já conta mais de 53 mil desabrigados em todo o estado, e ainda há áreas de risco prestes a ceder.

A situação chegou a esse ponto depois de quase 60 dias de chuva ininterrupta no estado. Piorou no fim de semana, quando choveu o volume de água esperado em quatro meses. A partir daí, o que se viu foram inundações e encostas desmoronando.

Oito municípios estão isolados: São Bonifácio, Luiz Alves, São João Batista, Rio dos Cedros, Garuva, Pomerode, Itapoá e Benedito Novo. Cinco decretaram estado de calamidade pública: Blumenau, Gaspar, Rio dos Cedros, Nova Trento e Camboriú, todos no Vale do Itajaí, a região mais atingida pelas chuvas. Os moradores do vale vivem entre o rio Itajaí-Açu, que subiu mais de 11 metros, e as encostas, que não suportaram a água e desabaram.

Os alagamentos e as quedas de barreiras também prejudicaram serviços essenciais, como água e energia elétrica. Em todo o estado, são 138 mil residências no escuro. Na Grande Florianópolis, o abastecimento de água está comprometido por conta do rompimento de uma adutora; a capital teve de implantar um sistema de rodízio para economizar.

A situação nas estradas também é difícil. Segundo a Defesa Civil, a BR 101 tem pelo menos três pontos fechados. Ao todo, há ainda 17 trechos interditados nas rodovias federais e estaduais em Santa Catarina.

Subiu para 67 o número de mortes no estado. A Polícia Civil em Blumenau registrou saques em farmácias e supermercados que estavam fechados por conta dos alagamentos.

Vale do Itajaí
Os trabalhos de resgate estão concentrados principalmente no Vale do Itajaí, a região mais castigada pela chuva. Milhares de moradores perderam tudo o que tinham e muitos escaparam da morte por pouco.

Duzentas pessoas estavam isoladas desde sábado depois que o Morro do Baú, no município de Ilhota, veio abaixo. O grupo foi resgatado na terça por helicópteros do Exército e Marinha. “Morreu muita gente, criança, a situação está muito caótica mesmo. A gente achava que não ia sair mais de lá, com os morros todos caindo, avalanches“, relatou a dona de casa Marilza dos Santos, ainda nervosa.

A cidade de Itajaí está debaixo d'água. Contêineres foram transformados em casas para abrigar quem foi atingido pela cheia.

Em Blumenau, a cidade mais castigada pela enxurrada, o número de desabrigados subiu para 23 mil. A maior parte foi para a casa de parentes. Três mil pessoas estão em alojamentos públicos. Os deslizamentos de terra derrubaram a parte da rede elétrica e deixaram a cidade sem água potável.

Desmoronamentos mantêm comunidades isoladas. Uma delas é o bairro Progresso. As máquinas trabalham noite e dia para limpar o acesso à região, que fica num morro da cidade. Há relatos de mortos e feridos.

O Exército usa blindados anfíbios para chegar aos lugares mais difíceis, mas até o batalhão ficou desfalcado pela enxurrada. “Temos 47 homens com quem ainda não estabelecemos contato, e temos 100 que estão trabalhando de modo autônomo e não conseguem chegar no quartel”, contou o comandante Edson Rosty.

A Defesa Civil montou um hospital de campanha para agilizar o atendimento dos resgatados. “Temos muitos casos de pessoas que ainda estão presas. Elas precisam de um pronto-atendimento para depois fazermos a triagem para os hospitais”, diz o médico Carlos Eduardo Deduschi.

A situação ainda é de risco no Vale do Itajaí. “A possibilidade de deslizamentos ainda continua, em função do grande encharcamento da terra”, alerta Carlos Maestrina, do Corpo de Bombeiros.

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