Hoje eu acordei mais disposta. Era umas seis da manhã quando me levantei e fui correr pelo Central Park. É um lugar magnífico e calmo no meio da Nova York agitada de sempre. Depois de meu cooper voltei para casa e pra variar eu estava atrasada denovo.
Droga, tinha esquecido que meu carro estava na oficina, tive que pegar um táxi pra ir pra revista. Eu odeio táxis, comecei a odiar esses carrinhos amarelinhos desde quando eu namorei um taxista, ele não era muito bonito, mas tinha um charme incrível. Na primeira semana ficamos saindo, na segunda só transando, na terceira decidimos morar juntos e na quarta semana nos separamos. Um mês exato de namoro, foi o pior mês da minha vida e até hoje não superei. Por isso eu não gosto muito de encarar táxis, entrar num desses carros coletivos me faz lembrar meu ex-namorado coçando a barriga, bebendo cerveja e me chamando de potranca assanhada. É mais eu teria que encarar aquela maratona atordoante até quinta feira quando o meu carro estaria pronto como disse Carlos.
Quando cheguei na revista pedi pra Tiff reunir todo o pessoal, precisava fazer uma reunião pra dar um jeito na venda das revistas, apesar de saber que aquela reunião não ia dar em nada. Tiff me disse que ia avisar todo mundo e que o Yan estava me esperando na minha sala. Mas o que será que ele queria? Ele agora era um modelo milionário, não acordava antes das 10 horas da manhã, pra não ficar com olheiras.
Respirei fundo e entrei na sala, ele estava com uma blusa laranja que eu amava e ele detestava, alguma coisa tinha acontecido pra ele querer me agradar com aquela roupa.
Lhe dei um beijo e perguntei o que ele estava fazendo ali tão cedo. Ele ficou calado. Perguntei então, se ele tinha alguma sessão de fotos antes das dez. Ele não me respondeu nada.
Depois de uns 3 minutos de silêncio ele me perguntou onde eu estava ontem à noite que ele ficou me ligando e meu celular só estava em caixa postal. Contei pra ele sobre o fatídico episódio do elevador e minha vizinha chata. Eu realmente sentia que tinha acontecido algo, Yan estava muito estranho.
Depois de mais uns 3 minutos ele me falou que teve uma festa da Diner ontem à noite de última hora e que ele estava me ligando pra me chamar pra ir com ele só que não me encontrava. No final de tanta proucura ele foi sozinho. Nossa eu nunca fui numa festa da Diner, nunca tive cara de ir depois que Roxane, a diretora de imagem de lá roubou um namorado gatíssimo meu, eu não ia aparecer em nenhuma festa da Diner sem um cara do meu lado mais bonito que o meu ex. Quando eu tive a oportunidade de mostrar a Roxane minha nova conquista maravilhosa, eu tinha que ficar presa no elevador?!
Yan me contou tudo isso, mas parecia que ela ainda tinha alguma coisa pra contar. Ele ficou me olhando, mechendo no meu cabelo e me dizendo o quanto eu sou linda. Tinha alguma coisa a mais no ar.
Tiff, bateu na minha porta e disse que todos já estavam prontos pra reunião. Eu tinha que ir, teria que ficar curiosa pra saber o que atordoava o Yan até à noite. Mas Yan perguntou se poderia almoçar comigo, ele dali ia tirar algumas fotos e depois tinha o dia livre. Combinamos, então, de almoçar juntos, ele passaria lá na revista pra me buscar.
Como eu esperava a reunião foi um caos, mas todos ficaram preocupados com a queda de venda da revista. Todos iriam pensar numa maneira de vender mais.
Ainda faltava duas horas pra hora do almoço e já estava impaciente pra saber o que tinha acontecido na festa da Diner. A Rafa percebeu o meu estado de ânsia e veio me perguntar o por que de eu estar todo tempo roendo as unhas e arrancando os cabelos. Eu contei tudo à ela. Ela deu uma risada e me disse uma coisa que eu já suspeitava. ELE TE TRAIU!!
Não podia ser, logo agora que eu encontrei alguém que não me abandonasse depois que subiu de carreira, ele tinha que me trair? Mas eu não podia fechar os olhos pra verdade, Yan estava muito estranho. Pra que ele viria as sete e meia da manhã marcar de almoçar comigo, antes ele só me ligava e combinávamos tudo pelo telefone mesmo. Ele tinha me traído eu sentia isso.
Quando enfim chegou a hora do almoço Yan chegou. Fomos a um restaurante super chique no qual ele sempre quis me levar, mas ele não tinha dinheiro para isso, até fazer o contrato com a Diner.
Pedimos a entrada. E começamos a conversar. Ele me contou tudo o que tinha acontecido na festa. A Rafa tinha razão, ele tinha me traído, e ainda com a Roxane. Como ele pôde me trair com aquela magricela que mal sabe se vestir? Logo com a minha pior inimiga?
Super irritada e querendo voar no pescoço dele; deixei ele terminar de se explicar. Ele disse que tava muito bêbado e que não lembrava de quase nada da festa, a única coisa que ele sabia é que ele tinha acordado ao lado de uma mulher que não era eu. Só foi saber quem era aquela misteriosa muher quando foram tomar café da manhã no Café do Paul, uma cafeteria que ficava em frente ao apartamento dele.
Eu não podia acreditar no que eu estava ouvindo. Ele dormiu com minha pior inimiga e ainda toma café da manhã com ela no Paul? Foi demais pra mim. Me levantei furiosa, mas engolindo toda minha raiva eu disse que ia pensar. Fui embora e não olhei pra trás.
Tinha que pensar no que eu ia fazer. Acabei roendo todas as minhas unhas no caminho de volta pro trabalho.
Era umas cinco horas da tarde quando me chega um entregador com um buquê de flores enorme pra mim junto com um cartão que dizia: "Eu te amo muito e não quero te perder. Me perdoa por favor!".
O que eu poderia fazer agora? Dar o fora ou não? O Yan era o único cara com quem eu sabia que poderia me casar e ter uma família. Mas aquela traição era forte demais.
O resto do dia foi horrível. Eu só fiquei pensando no que fazer. E o Yan me ligando e deixando inúmeras mensagens no meu celular e na minha secretária eletrônica.
Droga, ele me amava de verdade, mas eu estava começando a achar que meu maldito orgulho em excesso não ia deixar eu perdoar ele!
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