Muito à vontade no palco, entre um categoria e outra, o mestre de cerimônias mostrou o que o baiano tem: muito samba no pé. Depois, foi a vez de Lázaro se aventurar como cantor, e a pedido de Jair Rodrigues, fez um dueto com ele na música Samba da Minha Terra, de Dorival Caymmi. Antes, Jair Rodrigues foi ovacionado ao cantar em um ritmo diferente Disparada, de Geraldo Vandré e Théo de Barros, a qual foi uma das vencedoras no festival da TV Record, de 1966.
Bem humorado, Jair lembrou da época com muito carinho:
“Nara Leão e Chico Buarque eram os favoritos, mas não é que deu empate entre nós três. Acho que foi para ninguém chorar ou ficar triste. Depois fiquei sabendo que Chico Buarque adora Disparada, não é mesmo, Chico?”, perguntou Jair ao cantor, sentado na primeira fila.
Indicado a duas categorias na edição de 2009, ninguém acreditou que Chico Buarque pudesse comparecer. E não é que ele foi? Mas, não quis papo com a imprensa. Chico ergueu o troféu na categoria Melhor Livro, com a obra Leite Derramado. No discurso, apenas agradeceu.
“Agradeço a Milton Hatoun (escritor que entregou o prêmio), a todos que aqui estão, a Revista Bravo!, e aos meus editores. Muito obrigado”, disse Chico.
Mas, perdeu para Selton Mello na principal categoria da noite: Artista Prime do Ano, escolhido pelos internautas, com recorde de votação e mais de 10 mil cliques. Selton não acreditou que havia vencido. Além de Chico, a categoria só tinha nome de artistas consagrados: a atriz Fernanda Torres, o poeta Ferreira Gullar, o artista plástico Cildo Meirelles, o pianista Nelson Freire.
Visivelmente emocionado, Selton subiu no palco e dançou valsa com Lázaro. “Sou um homem prevenido, não imaginaria que pudesse ganhar com todos estes nomes finalistas”, falou o ator, ao tirar o discurso do bolso.
No paco, Selton agradeceu e lembrou o início de sua carreira. “É uma honra concorrer com pessoas que admiro muito. Comecei minha carreira aqui (em São Paulo) e vindo para cá minha mãe me lembrou de um momento muito importante. A minha primeira novela foi Dona Santa, na Bandeirantes, e eu tinha oito anos. Para eu chegar até Paranapiacaba, na Grande São Paulo, onde eram realizadas as gravações, eu pegava um trem que funcionava aqui. Aí para chegar em nosso destino minha mãe parou uma viatura policial”, lembrou Selton, referindo-se a Estação Júlio Prestes, que funcionou ali até a década de 1990 e hoje abriga a Sala São Paulo.
Além do irmão, o também ator Danton Mello, a mãe Selva e o pai Danton Mello fizeram questão de prestigiar este momento especial na carreira de Selton. “Estou muito feliz e orgulhoso por meu irmão. Ele merece!”, afirmou Danton.
Quem também ficou emocionada com o resultado anunciado foi Fernanda Takai. Pelo segundo ano consecutivo, a cantora concorria com o seu trabalho solo intitulado Luz Negra. Se em 2008, Fernanda concorreu como o Melhor Disco e não levou o prêmio para casa, em 2009 na categoria Melhor Show, ela conseguiu e recebeu o troféu da baiana Daniela Mercury, linda em um vestido de paetês prata.
“Nossa, acho que o microfone vai pegar os meus batimentos cardíacos, é muita emoção. Estou muito feliz por este reconhecimento e dedico este prêmio a minha filha Nina, que sempre reclama das minhas viagens. Nina já até disse que não quer ser cantora, porque cantora viaja muito. Mas, desta vez vou chegar em Belo Horizonte e mostrar que esta viagem da mamãe foi especial”, declarou Fernanda, referindo-se a filha da união com o músico John Ulhoa, que é produtor de seu CD solo.
A atriz Carolina Ferraz entregou o prêmio de Melhor Filme, que tinha no páreo o filme Jean Charles, protagonizado por Selton, do diretor Henrique Goldman, e também o filme Simonal – Ninguém Sabe o Duro que Dei, de Claudio Manoel, Micael Langer e Calvito Leal. Mas, Terra Vermelha, do diretor italiano Marco Bechis levou a estatueta para casa.
Com toda sua irreverência, o músico baiano Tom Zé abriu a noite com a música São São Paulo, que venceu, em 1968, festival da TV Record. A cantora Andrea Dias também mostrou o seu show musical.
Confira a lista completa dos premiados:
MELHOR EXPOSIÇÃO DE ARTES PLÁSTICAS:
Mar Morto, Nuno Ramos
MELHOR ESPETÁCULO DE TEATRO:
O Quarto, Roberto Alvim
MELHOR LIVRO:
Leite Derramado, Chico Buarque
MELHOR ESPETÁCULO DE DANÇA:
H3, Bruno Beltrão, Grupo de Rua de Niterói
MELHOR FILME:
Terra Vermelha, Marco Bechis
MELHOR CD ERUDITO:
Neukomm no Brasil, Rosana Lanzelotte e Ricardo Kanji
MELHOR CD D MÚSICA POPULAR:
Balangandãs, Ná Ozzetti
MELHOR SHOW:
Luz Negra, Fernanda Takai
PERSONALIDADE CULTURAL DO ANO:
Danilo Santos de Miranda, diretor do Sesc São Paulo
MELHOR PROGRAMAÇÃO CULTURAL:
Instituto Moreira Salles
ARTISTA PRIME DO ANO:
Selton Mello
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