Nesta segunda (25), Janete Clair completaria 86 anos, caso estivesse viva.
Ela é uma das maiores novelistas do Brasil. Janete iniciou sua carreira nos anos 50, escrevendo rádionovela, incentivada pelo marido, o também dramaturgo Dias Gomes.
Já nos anos 60, a autora iniciou sua carreira na TV, escrevendo "O Acusador" e "Paixão Proibida", ambas na TV Tupi. Em 1967, foi chamada pela Globo para alterar a novela "Anastácia, a Mulher sem Destino", na tentativa de reduzir os gastos. Depois disso, ficou em definitivo na emissora, escrevendo "Sangue e Areia", "Passo dos Ventos", "Rosa Rebelde" e "Véu de Noiva".
Nos anos 70, ganhou a fama de "a maga das oito", quando escreveu os sucessos "Irmãos Coragem" (1970), "Selva de Pedra" (1972) e "Pecado Capital" (1975). Em 1978, parou o Brasil com "O Astro", que ganhará um remake no segundo semestre deste ano.
Janete Clair morreu em 1983, vítima de um câncer no intestino. Na ocasião, ela escrevia "Eu Prometo", que foi concluída pela então colaboradora Glória Perez.
Renata Dias Gomes seguiu os passos da avó. Atualmente, colabora com Tiago Santiago na novela "Amor e Revolução", do SBT.
Ao NaTelinha, a autora fala emocionada sobre Janete. "Minha vó é o amor da minha vida. Só que eu tinha só dois meses quando ela morreu".
Para ela, "Pecado Capital" foi a melhor novela da avó. "Adoro o Carlão, acho um anti herói sensacional", disse. A colaboradora também revelou gostar muito de "Irmãos Coragem". "Foi a primeira história dela que conheci e não conseguia parar de ler", contou.
Nesta segunda, Renata aproveitou a data e fez um texto falando de Janete Clair.
"Não conheço o cheiro da minha vó, escutei pela primeira vez na reprise de uma entrevista para a Leda Nagle. Já tinha uns 13 anos. Não lembro do seu toque, do seu olhar, do seu jeito. Sentia quando criança uma ponta de inveja do meu primo três anos mais velho que pode saborear a convivência por três anos. Eu tinha dois meses. Dois meses quando o Brasil parou para assistir o fim da novela da vida da maior dramaturga da nossa história. Quantas vezes ela fez o Brasil parar", escreveu, deixando as lágrimas escorrerem.
A novelista contou que a avó é sua maior inspiração. "Minha vó foi ao maior dramaturga do Brasil. Então ela é pra mim a maior inspiração como acredito que seja pra grande maioria dos autores que estão começando".
Em outro trecho do texto feito especialmente para a avó, Renata falou sobre a admiração que tem por ela: "A imagem da minha avó sempre foi um retrato na parede da minha casa. O mesmo retrato, o mesmo sorriso, nas paredes dos três filhos e do pai deles. Mas pra mim sempre foi muito mais. Sempre foi adoração, admiração, amor. Um amor inexplicável. Como amar um quadro em preto em branco? Eu sempre amei. De um jeito que talvez não seja capaz de amar abraços de verdade. Aprendi a amar a memória. Senão a minha, a dos outros. E as histórias. Curioso que conheci a contadora de histórias pelas histórias. Não as que ela criou, essas são brilhantes, mas não eram as que mais me interessavam. As histórias que ela viveu".
Renata Dias Gomes revelou que Janete Clair "a esperou" nascer. "Cresci escutando que quando soube que eu era uma menina, ela saiu pra me dar de presente todo o quarto de bebê. Ela era assim. Generosa. Uma grande mulher, uma grande mãe, uma grande avó. Cresci também escutando que ela "me esperou" nascer. Já sabia que estava muito doente e que não ficaria muito mais tempo por aqui. Mas, dizem, fez um último esforço para esperar a neta. Não sei se é verdade, mas sempre gostei de acreditar. E talvez faça sentido porque pouco tempo depois ela se internou pela última vez", disse.
E finalizou: "Será que existe anjo da guarda? Não sei, mas tenho certeza que se existe, o meu tem nome e é Janete Clair. Vovó, te amo!"
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