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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Cinema: “Desaparecidos” cria espécie de “A Bruxa de Blair” nas redes sociais

Posted by Andresson D. | sexta-feira, novembro 25, 2011
O perfil de Rodrigo Romaniv no Facebook dá algumas pistas. Ele é baladeiro, namorador e corintiano. Gosta de “Os Simpsons” e Bob Marley. Quando recebeu pela internet o convite do amigo Fred para uma noitada VIP em Ilhabela, no litoral paulista, não vacilou. Avisou à irmã e confirmou a presença dos dois. Fred distribuiu uma câmera portátil, em formato de tablet, para cada convidado, que deveria acioná-la na véspera do evento. As imagens seriam feitas aleatoriamente. Quem ficou de fora da festa xingou Fred na rede social. Isso até Rodrigo, sua irmã e outros três jovens desaparecerem na balada e suas câmeras serem encontradas na mata. A notícia, publicada apenas por um jornal on-line, mobilizou os amigos dos desaparecidos no Facebook na busca de informações.
Juventude, mistério, tecnologia e internet são os ingredientes usados pelo diretor David Schürmann (“O Mundo em Duas Voltas“) no filme “Desaparecidos“. O longa é claramente inspirado nos blockbusters “A Bruxa de Blair“, “Cloverfield – Monstro” e “Atividade Paranormal“. Além da estética hiperrealista, eles também têm em comum o baixo orçamento – “Desaparecidos” foi rodado com R$ 55 mil e sem lei de incentivo – e o marketing conduzido pela internet. “Pesquisei quem já tinha feito algo parecido. Usei o medo psicológico do que não se vê e fiz com pegada e visual brasileiros”, afirma. O longa envolveu produção real e virtual. Schürmann criou quase 20 perfis falsos no Facebook para dar a ilusão de que a festa e o desaparecimento eram reais. As filmagens duraram 15 dias. “Passávamos o dia todo, das 18h às 6h, enfiados dentro do mato”, conta o cineasta, que só agora começa a revelar na web que tudo não passava de um filme. “Nunca quis enganar ninguém. Minha ideia foi chacoalhar as pessoas e criar esse debate sobre o que é real. Sem querer me comparar, mas Orson Welles também fez isso em 1938. É minha veia hippie questionadora”, gaba-se. Para criar uma audiência virtual, valeu de tudo: catapultou o número de amigos de um dos perfis criados com uma foto de topless ao pôr do sol. “Era a amiga da amiga, mas ajudava a dar sustentação à trama. Foi só botar a foto dela meio pelada que um bando de garotos a adicionou. Ela pulou de 70 para 400 ‘amigos’ em uma semana.” Fred, o falso organizador da festa, virou assunto numa mesa de bar. Alunos do Mackenzie, universidade em que ele dizia estudar, tentavam descobrir quem afinal era o cara que estava promovendo uma festa via Facebook e que ninguém conhecia. Pressionado nas redes sociais, disse que tinha “parado com os estudos por um tempo” e foi convidado para outras cervejadas. O diretor chamou jovens atores e por conta do orçamento magro, deu uma cota do filme como pagamento. Fez eles assinarem um acordo de sigilo do projeto. “Fiquei um ano rezando para que nenhum deles fizesse sucesso. Estragaria o filme.” Schürmann também resolveu fazer a distribuição de “Desaparecidos“. “Era o único jeito de reaver o dinheiro investido. Ou acabaria ficando tudo com a distribuidora.”


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